Convocação para que todos tomem conhecimento da proposta do relatório do IV CNCTI e enviem suas críticas

Imprimir
Categoria: Notícias
Data de publicação Escrito por Webmaster

Publicado em: 2010-01-01 00:00:00

SOCIEDADE BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA


Caros Educadores Matemáticos,


É este mais um momento de mobilização dos educadores visando nossa contribuição para o estabelecimento das políticas para o desenvolvimento científico e tecnológico para a próxima década.
A carta enviada pelo Luciano Mendes-UFMG  (coloco-a na íntegra a seguir)levanta a urgência e relevância de nos posicionarmos quanto ao conteúdo do relatório da IV CNCTI ocorrida em maio de deste ano, da qual a SBEM participou, mas não integando o grupo de elaboração do relatório. É a primeira vez que identificamos uma mobilização de educadores e pesquisadores na área de Ciências Sociais e Humanas para terem presença, voz e voto nas discussões e encaminhamentos das diretrizes nacionais para o desenvolvimento da CTI. Entretanto, observa-se na proposta de relatório, “LIVRO AZUL”, uma forte predominância de falas e posições equivocadas, sobretudo acerca na atuação e formação dos professores de Matemática. Por certo, são posições de profissionais que não têm formação na área e nem atuam no campo educativo.
“Caros(as) Colegas das Sociedades Científicas da Educação e da Comissão de
Estudos/Assessoramento de C&TI da ANPEd
Boa noite!
Conforme havíamos solicitado formalmente à Coordenação da ICNTI, o documento
final da Conferência - o chamado Livro Azul -, bem como as recomendações, foram
postos, hoje, em consulta pública. A consulta vai até 22/11. Para ter acesso aos
documentos e dar sugestões é preciso entrar na página da Conferência -
http://www.cgee.org.br/comunicacao/exibir_destaque.php?chave=132
 (veja texto abaixo)
Acho que, mais uma vez, seria super importante uma ação conjunta de todas as
sociedades, seja na divulgação da consulta entre os associados, seja para
enviar algumas sugestões.
Analisei rapidamente os documentos e vi que o prevíamos aconteceu: houve a
incorporação de "demandas" mais gerais, colocadas por todas a áreas, no que diz
respeito à importância da educação para  o Desenvolvimento Social
Sustentável (formação de professores, melhoria salarial...). Isto significa um
grande avanço em relação aos documentos anteriores. No entanto,  a questão da
ciência e tecnologia na interface com a educação é, basicamente, entendida como
educação em ciência (no sentido restrito) ou educação científica (também no
sentido restrito).
Há muitas referências a estes termos, com a defesa dos mais variados mecanismos
de incentivo do que hoje já ocorre, e nem uma referência, por exemplo, a uma das
demandas principais na área da educação apresentadas na Conferência: o
estabelecimento de uma política de C&TI para a área e o aumento dos recursos
para a produção de conhecimentos em educação.
Ou seja, do modo como está, mesmo que haja aumento de recursos para a educação
dentro das políticas de C&TI elas não fortaleceriam as pesquisas realizadas,
hoje, em educação de um modo geral, a não ser aquelas pesquisas dedicadas à
produção e uso de novas tecnologias em educação, amplamente incentivadas no
documento. Acho que precisamos reagir articuladamente a isto.
Enfim, esta é minha primeira impressão. É preciso estudar os documentos com mais
cuidado e vagar. Se conseguirmos apresentar uma sugestão coletiva ao documento
teremos mais força, penso. Além disso, é importante que os pesquisadores da
área de educação sejam incentivados a conhecer e contribuir com o documento.
Recebam aí um grande abraço.
Luciano Mendes
Coordenador da Comissão de Estudos/Assessoramento em C&TI da ANPEd”

Como nos CONVOCA o Luciano acima, temos TODOS de tomar conhecimento do conteúdo LIVRO AZUL (assim batizada esta primeira versão do relatório) e nos posicionarmos individual e coletivamente. Enquanto presidência da SBEM, convido a TODOS (sócios ou não sócios) a tomada de consciência do conteúdo, e a ampla e incisiva reação contra alguns pontos críticos que dizem respeito à nossa área assim como das questões que associam desenvolvimento CTI e Educação. Lembro que muitos dos pontos apresentados não são consenso dentro do grupo de  integrantes da Comissão de elaboração do relatório. Assim, ainda vemos prevalecer no texto posição de pesquisadores sem vínculo e/ou sensibilidade com importantes questões da área de Educação Matemática.
Numa primeira lida do documento, chamo a atenção de todos quanto a equívocos que não podemos admitir que permaneçam na versão final:
•    No tópico 3.5, quanto à formação de professores, na página 58: “ Na grande maioria de instituições de educação superior os estudantes são forçados a uma especialização prematura e sobrecarregados com uma carga horária que deixa pouco espaço para cursos eletivos e o trabalho individual. Além disso, a formação de professores para o ensino básico é frequentemente relegada à cursos de licenciatura sem conteúdos específicos nas áreas de matemática e ciências, com nível inferior aos cursos de bacharelado”.
Muitos são os equívocos neste item do documento: Como pode um curso de licenciatura de matemática não tratar de conteúdo matemático? O que realmente o documento quer afirmar com isso? A comparação do curso de licenciatura em matemática com o bacharelado é no mínimo um equívoco capital: a licenciatura é de “nível inferior” ao bacharelado em relação à que? Em relação ao aprofundamento matemático dos objetos acadêmicos? Mas a natureza de atuação não é diferenciada entre as duas formações? Ou está propondo novamente que o licenciado seja antes um bacharel em matemática??? Não seria o bacharelado de nível inferior ao curso de licenciatura em uma série de aspectos, e precisamente naqueles que dizem respeito às competências para o exercício da docência?
Na versão do documento tal equívoco não pode permanecer.
•    Nas recomendações, página 60: “O ingresso na profissão de professor deve requerer um exame de certificação profissional e não deve ser exclusivo para os formados em cursos de Licenciatura, mas ser acessível também a graduados em outros cursos que demonstrem ter preparo pedagógico necessário”.
Dois pontos gritantes neste item:
Primeiramente, ao invés do documento propor o enfrentamento da qualidade da formação superior do professor, propõe um “exame de qualificação”,  o que denota imputar o problema da formação ao jovem recém formado ao invés de propormos investimento na melhoria da qualidade da formação oferecida pelas IES. Estamos a inventar mais um exame tipo “OAB” da educação, isentando o Estado de investimento no processo formativo: atacasse a conseqüência sem tratar a causa da problemática.
Em segundo, propor num documento de tal importância (tendo em vista que vai balizar as políticas publicas da próxima década para o desenvolvimento em CTI) a quebra da exigência de formação específica ao exercício da docência da educação básica é inconstitucional e irresponsável, denotando uma clara e explícita posição de que para ser um professor de qualidade a posse do conteúdo específico é suficiente. Conceber qualquer formação qualifica para a ação docente é inaceitável e vai contra tudo que construímos até o momento.
Fica-nos evidente que os pontos expostos têm autoria por nós  conhecida e retrata intenções acerca do enfraquecimento dos projetos voltados ao desenvolvimento da qualificação das licenciaturas no Brasil. Como favorecer o desenvolvimento das CTI com atuação na escola básica de profissionais sem a devida qualificação didático-pedagógica?
Cabe, pois, uma reação COLETIVA, e não apenas da presidência da SBEM.  Dentro do prazo indicado, 22 de novembro, enviando críticas e sugestões. Esperamos que TODOS para o e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. uma posição crítica dos conteúdos do LIVRO AZUL (intitular assim o e-mail a ser enviado para a SBEM), mas também diretamente para a Comissão proponente do relatório.
Não há interesse e valor uma posição individual e pessoal da presidência da SBEM, e devemos, a partir das contribuições, enviar uma posição coletiva em nome da nossa Comunidade. Solicito que enviem até 18 de novembro as contribuições. Vamos fazer efetivamente parte desta história, confrontando posições equivocadas e fazendo proposições efetivas.

 

Brasília, 06 de novembro de 2010.


Atenciosamente,


Cristiano Alberto Muniz
Presidente da SBEM 2010-2013.

Portal Mec CNPQ CAPES SBPC Anped CIAEM FISEM

Sociedade Brasileira de Educação Matemática 2012. Todos os direitos reservados.