Instrumentos náuticos contidos em tratados portugueses e espanhóis produzidos entre os séculos XVI e XVIII para articulação entre história e ensino de Matemática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.56938/rceem.v1i2.3219

Palavras-chave:

Instrumentos náuticos, Tratados portugueses e espanhóis, História da matemática

Resumo

Nos séculos XVI a XVIII diferentes tratados foram produzidos envolvendo aspectos relacionados a astronomia, astrologia, cosmografia, a produção de instrumentos, entre outros, com vista a disseminar conhecimentos que seriam de grande utilidade na navegação astronômica. Assim, esse estudo tem como intuito apresentar alguns instrumentos náuticos atrelados a tratados português e espanhóis, que podem se tornar potencialmente didáticos para a articulação entre história e ensino de matemática. Os instrumentos destacados neste estudo, vieram à tona a partir de leituras iniciais referentes as produções de Luís de Albuquerque, Margarida Matias Pinto, Bernadete Barbosa Morey e Iran Abreu Mendes. Nelas, se pode encontrar instrumentos como, o quadrante, o astrolábio, a balhestilha, entre outros, que faziam uso em suas medições da Estrela Polar ou do sol para ajudar no direcionamento dos navios em alto mar. Partindo disso, pode-se fazer um breve levantamento de alguns tratados português e espanhóis, nos quais esses instrumentos estavam presentes. Esses documentos contêm geralmente a fabricação e/ou o uso de tais instrumentos, que se tornam ricos e complexos em sua essência porque incorporam saberes de ordem contextual, epistemológica e matemáticas do período em que se encontravam em produção, e que podem ser utilizados para dialogar com a matemática que temos no século XXI. Portanto, esse estudo visa contribuir para ampliar o conhecimento de professores sobre instrumentos náuticos que podem ser atrelados as aulas de matemática para potencializar o ensino.

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Biografia do Autor

Antonia Naiara de Sousa Batista, Universidade Estadual do Ceará - UECE

Possui graduação em Licenciatura em Matemática (2016), pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e mestrado (2018) pela Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PGECM), no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). É vice-líder do Grupo de Pesquisa em Educação e História da Matemática (GPEHM). Atualmente é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), na Universidade Estadual do Ceará (UECE). Tem experiência na área da Educação Matemática e da História da Matemática, com ênfase, na formação de professores de matemática, articulação entre história e ensino de matemática, e instrumentos matemáticos.

Ana Carolina Costa Pereira, Universidade Estadual do Ceará - UECE

Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual do Ceará (2001), mestrado em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005), doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2010) e pós-doutorado em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. atua ainda como docente Adjunta da Universidade Estadual do Ceará e líder do Grupo de Pesquisa em Educação e História da Matemática (GPEHM). Tem experiência na área de Educação Matemática, com ênfase em História de Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores de matemática e interface entre história e ensino de matemática.

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Publicado

2022-09-28

Como Citar

BATISTA, A. N. DE S.; PEREIRA, A. C. C. Instrumentos náuticos contidos em tratados portugueses e espanhóis produzidos entre os séculos XVI e XVIII para articulação entre história e ensino de Matemática. Revista Cearense de Educação Matemática, v. 1, n. 2, p. 1-21, 28 set. 2022.