Manifesto: Impunidade de Crimes Contra Pessoas Negras, Mulheres, Domésticas, Índios, Ciganos, Gays e outras Minorias
Brasília-DF, 06 de Junho de 2020.
Caros/as Associados/as,
Temos assistido com muita preocupação, tristeza e indignação o que vem ocorrendo, tanto em âmbito nacional quanto internacional, sobretudo nos Estados Unidos, com relação à banalização da vida humana, principalmente quando é uma vida de pessoa negra.
Os assassinatos, por policiais, de George Floyd (46 anos), nos Estados Unidos, em maio de 2020 e, similarmente, do menino João Pedro Mattos Pinto (14 anos), também em maio, em São Gonçalo (RJ), no Brasil, não têm coincidências! Em ambos os casos, seja pelo sufocamento de George Floyd por um policial branco, ou pelas balas que encontraram o corpo de João Pedro Pinto, suas vidas foram tiradas por quem deveria as proteger.
Na cidade do Recife (PE), em 03/06/2020, vimos mais uma vida de um menino negro, o Miguel Otávio Santana da Silva (5 anos), sendo descuidada, negligenciada. Nesse caso, a arma não foi física (imobilização e sufocamento, no caso de George Floyd; ou um revólver, no caso de João Pedro), mas simbólica, aquela que lamentavelmente ainda vemos nos diferentes espaços nos quais o preconceito e a discriminação reinam. O disparo se deu no teclado de um elevador. A patroa (branca) se omitiu ao cuidar por alguns minutos do filho da empregada (negra), que foi passear/cuidar do cachorro dela. A patroa deixou o menino subir no elevador do prédio sozinho, inclusive, apertou um andar para ele ir só. O Miguel, procurando a mãe, entrou na sala de máquinas do elevador e caiu do parapeito do prédio (9o andar) de uma altura de 35 metros. Morreu no hospital!
Na mesma direção, Marielle Franco (38 anos), mulher preta, lésbica, socióloga, política e defensora dos direitos humanos, executada em março/2018, na cidade do Rio de Janeiro, juntamente com seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes, engrossa o noticiário dos casos sem solução no Brasil e fez ecoar mundo afora a triste e sombria pergunta, ainda sem resposta, para a vergonha das autoridades brasileiras, “Quem mandou matar Marielle?”
Entendemos que o genocídio Brasileiro, e também Americano, que potencializa a barbárie quando é contra pessoas negras, mulheres, gays, pobres e outras minorias, não está aumentando! Ele está sendo noticiado, mostrado, rasgando os lacres que os escondiam, e a imprensa tem cumprido uma missão importante nas questões relacionadas aos abusos cometidos contra esses grupos, principalmente, levando ao conhecimento do povo a indisposição do atual governo em resolver crimes tão cruéis contra a vida humana. "Ciclo de uma sociedade racista: enquanto mais um jovem negro e pobre é preso só por existir, mais uma mãe negra e pobre sofre com a solidão" (Marielle Franco).
Neste sentido, a Diretoria Nacional Executiva da SBEM vem a público repudiar o descompromisso dos governantes em resolver os casos que flagelam a maior parte da população (negros, mulheres e gays) e cobrar das autoridades rigor nas apurações, combate à violência racista e misógina e punição aos assassinos encobertos pela branquitude que os livra do rigor da Lei.
"Perceber-se é algo transformador. É o que permite situar nossos privilégios e nossas responsabilidades diante de injustiças contra grupos sociais vulneráveis" (Djamila Ribeiro)
INDIGNAÇÃO e PUNIÇÃO, e, não, naturalização da barbárie. TODAS as Vidas, de TODAS as cores, de QUALQUER classe social, de QUALQUER sexualidade, de QUALQUER idade, IMPORTAM para os(as) professores(as) e educadores(as) matemáticos(as)!
Sociedade Brasileira de Educação Matemática
Diretoria Nacional Executiva